Artigos | 21/11/16
Caracterizam-se pela atuação sobre componentes denominados genericamente como parafusos e porcas. Estes têm como princípio funcional a necessidade de rotação, como parte do processo de introdução ou remoção. É com base na fixação via parafusos que é obtida a coesão dos dispositivos, adotando-se como paradigma que, em condições normais, não se moverão nem girarão, quando for essencial que permaneçam fixos.
O segredo para manter um parafuso fixo na aplicação baseia-se no princípio da alavanca descoberto por Arquimedes: o torque proporcionado pelo atrito da rosca com o material onde foi introduzido deve ser notavelmente maior que o torque dos esforços do sistema no sentido da remoção. Isto se aplica, principalmente, aos parafusos de rosca cônica, de rosca soberba ou autoatarraxantes. Já durante eventos de instalação, desmontagem e remontagem, é essencial possuir recursos para vencer os torques de atrito, tanto no sentido da aplicação como da remoção. São necessárias ferramentas para proporcionar esses recursos, conhecidas genericamente como chaves. O paralelo com fechaduras é proposital: deve haver coerência entre o tipo de parafuso e a ferramenta que possibilitará girá-lo.
Tipos de chavesAtualmente, é possível contar no mínimo nove tipos de cavidades fabricadas para tracionar parafusos (que podem ter cabeças cilíndricas, cônicas ou hemisféricas), embora não se possa esquecer os parafusos de cabeças diferenciadas, como as sextavadas, as quadradas e as retangulares. A patente dos parafusos de fenda reta data do final do século XVIII, mas desde essa época nasceram os padrões phillips, pozidrive (variante do padrão phillips), sextavado interno (allen), quadrado interno (robertson), entre outros. O porte da chave deve ser proporcional ao diâmetro, eventualmente ao comprimento do parafuso.
No caso das roscas paralelas, a questão do atrito é bem menos crítica: os fabricantes destes produtos, pelo contrário, constantemente buscam soluções para evitar que a trepidação dos equipamentos as remova do lugar. Dessas pesquisas resultam complementos, como arruelas de pressão e porcas autotravantes.
Chaves fixasSão indicadas para cabeças sextavadas, quadradas ou retangulares, o que inclui porcas ou parafusos. As medidas variam desde poucos milímetros, até dezenas de milímetros. E, uma vez mencionadas as unidades, os parafusos frequentemente são especificados também em frações de polegadas. Não existe uma correlação simples entre as medidas métricas e as assim chamadas imperiais, de modo que uma empresa que necessite padronizar as chaves pode optar por um padrão ou pelo outro, ou garantir a abrangência, mantendo dois padrões de ferramentas, cada um escalonado em um dos sistemas metrológicos. Esta verdade não se limita às chaves fixas, valendo também para a maioria dos demais tipos de chaves.
Chaves ajustáveisAs chaves fixas se caracterizam pela alta rigidez, constituindo-se na solução ideal quando a questão do torque for crítica. Já quando se tratar de flexibilidade, as chaves ajustáveis possibilitam cobrir a necessidade de diversos portes de sextavados (ou outros tipos de cabeças com faces paralelas), não sofrendo limitações sequer quanto ao sistema de medição. O tamanho da chave é determinado pelo espaço disponível para a manobra, eventualmente pelo peso para o qual o sextavado tiver sido dimensionado.
Chaves AllenUm dos diferenciais do sistema Allen em relação ao das chaves fixas, é que a interface entre a chave e a cavidade Allen tem um diâmetro que é da mesma ordem do diâmetro da rosca; caso a chave entre com folga, aumenta enormemente a tendência ao desgaste e ao arredondar, tanto da cavidade como das bordas da chave. Isto é motivo suficiente para justificar um extremo cuidado na escolha e verificação da compatibilidade entre chave e parafuso, antes de iniciar a aplicação do torque. Misturar chaves Allen métricas com imperiais pode ser extremamente danoso e comprometer um serviço que poderia ter sido simples.
Diversos modelos de chaves possuem a topologia em L, o que possibilita optar por maximizar o torque ou o alcance.
Chave de fendaO parafuso de fenda foi o primeiro a ser patenteado. De fato, chaves de fenda existem em larguras que vão de 3 a 10 mm (ou valores imperiais próximos), devendo a largura se aproximar tanto quanto possível, mas não ultrapassar, a largura da fenda existente na cabeça do parafuso. Geralmente, à medida que cresce a largura da chave, aumenta a espessura da chapa, pois com o aumento da largura cresce o torque exercido e, caso a espessura não aumentasse proporcionalmente, a chapa poderia sofrer deformação. As chaves de fenda costumam atender a aplicações de parafusos com roscas cônicas, autoatarraxantes, soberbas ou paralelas, com cabeças chatas, hemisféricas ou cilíndricas. Algumas chaves de fenda trazem junto à haste um sextavado, o que permite encaixar no mesmo uma chave fixa para auxiliar no torque.
Chave phillipsA chave phillips foi estudada para corrigir pequenos detalhes que não foram considerados nos parafusos de fenda reta. Assim, a fenda é piramidal, o que permite que chaves de porte maior virem parafusos menores; e, nessas condições, o corpo da chave não chega a encurtar a profundidade, preservando a integridade de ambos; uma vez encaixada, a chave phillips dificilmente escapa da cavidade phillips, preservando a integridade do parafuso e da chave. Novamente, a chave atende à maioria dos formatos de cabeça e de rosca.
Chave pozidriveSimilar à chave phillips, tem ponta menos aguçada, e o mesmo ocorre com a fenda pozidrive; com isso, deixa de haver compatibilidade entre as chaves phillips e as pozidrive e surge a necessidade de se aproximar com mais cuidado as medidas da chave e do parafuso.
Chave canhãoSemelhante na topologia às chaves de fenda, possibilita alcançar locais inacessíveis às chaves fixas, com a vantagem do cabo isolante. A contrapartida é a menor capacidade de torque. Novamente, estas chaves trazem especificação do sextavado correspondente, que pode ser expressa em unidades métricas ou imperiais.
Chave estrelaEsta denominação é mais comumente usada para chaves usadas para girar cabeças sextavadas, de parafusos ou porcas. A alusão se deve à cavidade de encaixe, em forma de dois hexágonos sobrepostos, que, sem perda de funcionalidade, facilitam o encaixe da ferramenta sobre o sextavado: a rotação para o encaixe pode se limitar a ±15°, em lugar dos ±30° que seriam necessários caso o hexágono fosse único, aumentando assim a viabilidade do serviço. É comum que as chaves estrela tragam duas medidas, uma em cada extremidade, geralmente valores próximos.
Chaves combinadasSemelhantes às chaves estrela, trazem na outra extremidade uma chave fixa: geralmente, a chave tem a mesma medida de compatibilidade com o sextavado. Na aquisição, devem ser escolhidas medidas expressas em valores métricos ou imperiais.
Chave biela
A chave biela consiste de barra dobrada em L: tanto o braço curto como o longo possuem sextavado interno. Substituem em diversas aplicações as chaves canhão, com a diferença de assegurar duas opções de torque e de alcance, geralmente superiores, sem, no entanto, proporcionar a isolação daquela.
Chave torxTambém conhecida como chave hexalobular, possibilita montar e desmontar parafusos com cabeça hexalobular, com alternativa de maximizar o alcance ou o torque maior, garantido pelo braço de alavanca maior.